sábado, 28 de maio de 2011

Os olhos navegam, não encontram porto

Sou diletante. Ambiciono, não alcanço. Planeio, não cumpro o plano.
As ideias passam de relance na minha mente e não são saudadas.Ando a ignorá-las inconscientemente e a abortá-las cruelmente. Não nascem.
Quero encher o papel com elas, fazê-las brotar! Mas acho-me mole, lânguida e indiferente. Meus olhos já não captam cada ínfimo pormenor, já não luzem com antes. Andam pobres de espírito. Eu ando pobre de espírito.
Onde está a força e a convicção? Onde está a obra feita?
Onde está a Ana?
Tal como Ega e Carlos n'Os Maias, perco-me nos meus projectos que não concluo.
Navego indiferentemente no mar, de olhos postos na neblina. A minha mente é uma neblina.

Os olhos navegam, não encontram porto. Não encontram o que os faça luzir.

~ja ne

terça-feira, 17 de maio de 2011

Naquele dia



As nuvens choravam,
os peixes pulavam,
as lágrimas cristalizavam,
naquele dia.

O vento assobiava
bizarras melodias,
e o céu incitava
maleitas mal-vindas,
naquele dia.

Mas tu lá permanecias
ao pé de um jardim,
ignorando as feridas
e olhando para mim,
naquele dia.

Agradecias ao céu
as dolorosas dádivas precipitadas.
Amigo meu,
ensinaste-me pérolas raras e variadas,
naquele dia.

~ja ne