domingo, 21 de novembro de 2010

Dormir é como uma falta de existência momentânea

Bem, eu poso dizer que sou uma pessoa que às vezes gosta de não existir fisicamente....estranho, não?
A verdade é que sou uma grande apreciadora do sono e para mim dormir é sempre reconfortante. Não é verdade que sentimos que num momento estamos adormecer e no outro já acordamos? Isto em alguns casos claro, mas o meu sono por vezes é estranho ao ponto de eu sentir o tempo a passar mas parecer que não existo. Tenho ciclos de sono estranhos e , mesmo tendo aquele sono "pesado" dou conta do que se passa à minha volta mas não consigo acordar, o corpo não responde. Daí o porquê de ser uma falta de existência momentânea visto que o meu corpo parece não existir e só uma parte pseudo consciente de mim permanece activa.
Apesar de ser uma experiência um pouco esquisita, digo eu, eu gosto bastante. Por vezes é tão bom desprendermo-nos do corpo por algum tempo e apenas existir numa sensação tão cândida, no ar, no vento!...
Fico sempre aliviada quando sei que "daqui a algum tempo vou dormir".
É que, mesmo ao fim de um dia complicado ,daqueles mesmo para esquecer, sei que se for dormir tudo estará pleno e bem...pelo menos por um momento.

~ja ne!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O receio de mostrar a essência faz-nos sofrer

Sou observadora e crítica muitas vezes. Reparo na maneira de como as pessoas reagem a certos estímulos sociais e o facto é que muitas sofrem mais por não serem quem realmente são na frente de outros, do que sendo elas próprias. A realidade é que somos todos um pouco hipócritas e que no dia-a-dia estamos constantemente a utilizar "máscaras" de personalidade. Somos hipócritas porque ,mesmo não querendo acenar para certa pessoa que conhecemos de vista, acabamos sempre por sorrir e acenar de volta. Ora,por boa educação esta hipocrisia é desculpada, noutras situações é simplesmente desnecessária, mas não o podemos evitar, somos humanos...Apesar de tudo é normal visto que não nos podemos comportar de igual forma na companhia de um amigo, de um professor ou de um lojista, por exemplo.
Nos dias que correm a sociedade molda-nos como barro inanimado que vai tomando forma, e o que acontece é nos transformarmos em peças de loiça idênticas - visto que a diferença de cores da loiça é desprezável. Num aglomerado enorme de pessoas começam a formar-se grupos e estratos que possuem um certo comportamento que se torna categórico ( definido como autoridade).
Este fenómeno acontece nas escolas que , cada vez mais, se tornam pequenos governos com estratos sociais e onde as pessoas se tornam rotuladas.
Por analogia da Escola a um Governo irá existir uma igualdade de desinteresse, afastamento ou até repúdio de um estrato diferente. Tal como num país somos capazes de nos afastar de uma pessoa com um ar diferente ( seja ela um pouco mais pobre ou com uma deficiência) também na escola acontece o mesmo e até acontece o grupos se afastarem de pessoas com esse tal ar "diferente" com variados gostos, comportamentos e outras características.
Com efeito, as loiças não "moldadas" como as outras escondem quem verdadeiramente são e passam a adquirir uma falsa personalidade que vá de encontro à dos demais. Acho que sofrem muito mais com isso. Com a vontade de "pertencer" passam a mentir a si próprios a toda a altura e a perder a sua identidade aos poucos acabando por se afundar num complexo de identidade sério ( isto num caso muito grave). Daqui surgem aquelas depressões típicas dos adolescentes, vagas de humor mais frequentes, decisões arriscadas ( por influência dos grupos) que acabam por matar a essência das pessoas aos poucos.
Porque não podemos mostrar quem somos realmente? Porque temos medo da reacção dos outros sofremos um pouco em silêncio, sentimos um desconforto.
Posso dizer que, por experiência própria, muitas vezes não me sinto eu própria. Ouço-me a falar mas é só mais uma máscara.Se sinto que não consigo libertar a alma, encerro-a, e espero pacientemente para a libertar na companhia de quem não segue totalmente as regras desta "sociedade".
Esta mentalidade obscura de produção de clones de personalidade originou outros problemas como o Bullying.
Portanto, deparamo-nos com um dilema: ou simplesmente somos que somos com probabilidade de nos refutarem , ou somos simplesmente outra "coisa", transformamo-nos na máscara definitivamente, para agrado dos outros.
Se a nossa opção for a segunda, considero que perderemos algo mais valioso do que "amigos" - o nosso maior amigo e inimigo, nós próprios.

~ja ne